quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quero ser candidato

Artigo publicado no jornal Folha do Estado, em 30/09/08 no site http://www.matogrossoonline.com.br/ e no site www.olhardireto.com.br

Tenho o sonho de um dia me candidatar a um cargo eletivo. Essa minha vontade tem pouco a ver com vaidade ou questões financeiras, mas sim com questões ideológicas e com a vontade de ajudar a construir um lugar melhor e mais justo para se viver.

Infelizmente, terei de adiar esse meu sonho, talvez para a próxima reencarnação. Enquanto em nosso país forem permitidos absurdos e existirem eleitores que se preocupam mais com a imagem e marketing do candidato do que com sua seriedade e seu comprometimento com propostas exeqüíveis, as chances de me eleger seriam algo em torno de zero.

Não consigo entender o motivo de um eleitor votar em um determinado candidato porque recebeu um "santinho", um aperto de mão ou viu imagens da maratona eleitoreira de abraçar pobres. Puro populismo. O que faz pensar que o ato de sair abraçando cidadãos das classes menos favorecidas torna um candidato mais bem preparado? Para mim, esse tipo de imagem produz o efeito contrário. O candidato precisa tanto da população menos favorecida para se eleger que fará uma gestão que, no mínimo, permita a manutenção dessa classe social para seus futuros propósitos eleitorais.

Gastar dinheiro colocando pessoas balançando bandeiras no sol quente de Cuiabá, o que agrega para a cidade e para a cidadania? O que o candidato transmite de conhecimento e capacidade administrativa fazendo isso? Outra situação bizarra é a do candidato se declarar honesto, como se isso fosse uma qualidade e não um dever moral de qualquer cidadão. Será que os "desonestos" se declarariam como tal? Honestidade e ética são obrigações de qualquer servidor público. Palavras e discursos sobre essas supostas qualidades não tornam um candidato honrado. Os atos passados e as atitudes do candidato na campanha eleitoral é que prenunciam o que poderá vir pela frente.

Os grandes culpados de todo esse circo são as próprias vítimas: os eleitores que têm visão simplista do processo de escolha do candidato. "Vou votar nele porque visitou minha casa", "Tem meu voto, pois fala a linguagem do povo", "Esse aí gosta de pobre"...

Enquanto o populismo for valorizado e bem aceito, teremos grandes circos armados, com muitos palhaços e ilusionistas, e pessoas corretas cada vez mais distantes do objetivo de acabar com essa farsa circense e, em seu lugar, fazer surgir uma outra prática política, que traga reais melhorias para os cidadãos.

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