terça-feira, 15 de junho de 2010

Cuiabá e suas motos

Artigo publicado em 16/06/2010 no site www.olhardireto.com.br, em 17/06/10 no jornal Folha do Estado
No município de Cuiabá foram vendidas em abril deste ano 648 motos, o que nos coloca na 22º posição entre as cidades brasileiras. Se forem computadas as 377 motos vendidas em Várzea Grande, a Grande Cuiabá sobe para a 10º colocação, segundo a FENABRAVE.

Essa enxurrada de motocicletas alivia um pouco o aperto urbano de nossa capital, mas por outro lado, com a falta de preparo de alguns e o desrespeito de muitos, torna nosso trânsito ainda mais caótico e violento.

Não há estatísticas sobre o assunto, mas me atrevo a afirmar que os motociclistas estão entre os que mais desrespeitam as leis de trânsito e, devido a sua maior vulnerabilidade, são os mais prejudicados em caso de acidente.

Sou motociclista há mais de 20 anos, e sei que esses veículos são econômicos, versáteis e prazerosos, mas requerem mais perícia para se conduzir do que os veículos de quatro rodas. A diminuta área dos pneus em contato com o solo e a ação gravitacional trabalhando contra, fazem com que esses veículos necessitem de maior habilidade e juízo extra em sua condução.

Recentemente, fiquei sabendo do trabalho realizado pelo ex-motoboy Marcelo Veronez. Ele aposentou o capacete e atualmente trabalha como socorrista de acidentados na cidade de São Paulo e faz um excelente trabalho na tentativa de orientação e conscientização dos motoboys.

O Sr. Veronez faz palestras e utiliza a música de estilo rap como canal de comunicação e orientação para os que trabalham sobre duas rodas. Nas letras de suas músicas, há crítica contra os maus hábitos e costumes dos profissionais da entrega e, também, um alerta sobre o perigo iminente em caso de infrações cometidas pelos condutores. Assim como eu, o cantor-palestrante-socorrista é favorável à fiscalização e aplicação de multas. Quem não comete infração, não tem o que temer e quem a comete, deve pagar por causar transtornos à ordem urbana e riscos a terceiros.

O jornal Folha de S. Paulo de 13/06/10 publica a matéria “Violência nas estradas de SP bate recorde”. Segundo o texto, houve redução de 21% na aplicação das multas e um aumento de 20% de mortos em acidentes. Seria uma mera coincidência? Foi relatado que a frota em São Paulo aumentou em 5,5%, o que, em teoria, deveria acarretar o aumento de multas aplicadas.

Em se tratando de pilotagem segura, em Cuiabá há, ainda, o agravante de o clima não favorecer a utilização correta de equipamentos de segurança. Para se pilotar com segurança, além do conhecido capacete, é recomendável a utilização de botas, luvas, jaquetas apropriadas e calças com reforços.

Para os que desejam maior organização no tráfego urbano, só resta esperar por uma gestão séria, competente e sem populismo na fiscalização do trânsito. Pois há muito o governo não atua como deve e lamenta a desordem e a perda de vidas em acidentes de trânsito, como se fosse mero espectador do caos urbano de cada dia.