sábado, 18 de junho de 2011

VERDADES SOBRE A “DESINDUSTRIALIZAÇÃO” DO BRASIL

Muito se comenta sobre o processo de desindustrialização que o Brasil vem passando. Dados mostram que em 1980 o peso da indústria no PIB era de 33% e, atualmente, a participação minguou para aproximadamente 16% do PIB. Sobre esse assunto, muitas bobagens tem sido proferidas e soluções mirabolantes tem sido propostas.

Vamos retornar um pouco no tempo para relembrar a realidade do Brasil de décadas atrás. Nosso país tinha uma economia fechada, na qual as importações eram proibidas ou sofriam inúmeras restrições. Disso decorria um país pseudo-industrializado, pois havia industriais mas, em geral, obsoletas, com produtos caros e de baixa qualidade.

A abertura da economia iniciada em 1990 colocou nossas indústrias competindo com empresas de todo o planeta. Esse fato propiciou aos cidadãos brasileiros acesso a diversos bons produtos, com preços razoáveis e, geralmente, de qualidade superior. Essa mudança fez com que as indústrias fossem minguando a cada dia.

Desejar que o país tenha um parque industrial representativo por simples vontade política ou canetada presidencial é uma grande miopia. Algumas pessoas sugerem uma volta ao passado: fechar o mercado para importações e tentar esconder a falta de competitividade para baixo do tapete.

Mas como ter uma indústria competitiva num país no qual ainda se jogam urina, fezes e lixo nos rios? Como competir utilizando trabalhadores que saem analfabetos funcionais do ensino médio? Como disputar mercado produzindo num país com altos encargos empregatícios e diversas amarras nas relações trabalhistas? Como lidar com a burocracia excessiva e corrupção nas análises e aprovações de projetos? Como superar a complexidade tributária, alíquotas imorais, logística vergonhosa e preço de energia exorbitante? Como contratar profissionais qualificados se não há no país nenhuma instituição de ensino superior incluída entre as 200 melhores do mundo, além de haver leis que dificultam ou impedem a “importação” de profissionais qualificados. Será que é possível ser competitivo com todas essas desvantagens?

Nosso amado Brasil só não sofre um processo de “descomercialização” por impedimento geográfico, afinal não dá para um estabelecimento comercial situado no exterior vender seus produtos no território nacional, salvo poucas exceções.

O setor de agronegócio, mineradoras e demais produtoras de commodities também sofrem com as inúmeras desvantagens brasileiras, mas se destacam mundialmente por terem enormes vantagens geográficas (solo, clima, etc).

Soluções de controle de taxa de câmbio ou fomentar financiamentos via BNDES para solucionar a “desindustrialização” é querer desviar o foco do problema e não assumir a incompetência governamental. O chamado “Custo Brasil” mantido e cultivado por políticos e governantes é a real causa da crescente extinção das indústrias no país.