quinta-feira, 23 de abril de 2009

Benefício da Crise Econômica para o Brasil

Artigo publicado em 08/05/09 no Diário de Cuiabá
De uma marolinha distante, segundo o presidente Lula, a crise do mercado imobiliário estadunidense tomou força e está afetando negativamente a economia global e, por conseguinte, a economia de nosso país. A cada dia que passa, há divulgação de dados negativos que demonstram que a crise é real, e que o sonho do governo petista de passar incólume não passou de um reles devaneio ingênuo.

Desde que o capitalismo foi assimilado pela maioria dos países, os ciclos de expansão e recessão estão presentes e são, até certo ponto, previsíveis. Essa é uma característica não muito bem quista do capitalismo. Economistas desenvolveram e ainda tentam desenvolver ferramentas que permitam aniquilar ou mesmo atenuar os períodos negativos. Mas os ciclos perduram, e é assim não só na economia. Na natureza há o dia e a noite, o verão e o inverno, os períodos de seca e de chuvas.

Das “crises” que presenciei, sempre me espantaram as notícias aterrorizadoras, algumas vezes a sensação de horror até fazia parte do meu dia-a-dia. Crise após crise, concluí que nada de terrível ocorreu como conseqüência de sua maior ou menor permanência, apenas um enxugamento daqui, outro dali, um pouco mais de dificuldades, mas a vida sempre continuou. A vida continua mesmo sob o bombardeio de notícias ruins.

Após longo período de expansão mundial, o governo petista está experimentando sua primeira grande dificuldade. Desde a primeira gestão de Lula, a economia mundial vinha pujante, até o capitalismo mostrar a sua característica negativa.

Mesmo com as dificuldades e intempéries trazidas pela crise, os cidadãos brasileiros podem vislumbrar um lado positivo. Devido à escassez do crédito, o governo tem sido obrigado a baixar as alíquotas de impostos de produtos e serviços, bem como a criar novas faixas de Imposto de Renda, tudo isso para estimular a população a continuar consumindo. É sabido que o Brasil é um dos campeões na quantidade de imposto e na prática de altas alíquotas. O Leão está sendo amansado pela crise, mas ainda não podemos comemorar, os governos continuam com alíquotas imorais e uma contrapartida pífia.

Decorrente da menor pressão inflacionária, a tão falada taxa SELIC deixou de subir e desce a ladeira.

Outro benefício trazido pela crise é o aprendizado que alguns estão sendo obrigados a assimilar no quesito do controle financeiro pessoal como, por exemplo, a lição de não se endividar excessivamente e analisar bem as taxas de juros, além, é claro, de avaliar se a aquisição de um produto cabe no orçamento. Quem tem poupança, pode ir às compras e encontrar ótimas pechinchas nos períodos nebulosos.

A regra para o Brasil dar um salto e pular essa crise é conhecida por muitos: redução gradual de impostos, aliada à redução da máquina estatal. Lula e sua equipe parecem ainda não ter calculado que a diminuição de receitas e aumento dos gastos é uma conta que não fechará. O governo federal precisa de uma chacoalhada. A redução de impostos e do aparato estatal possibilitará o crescimento da economia com a manutenção de investimentos, principalmente, em educação, saúde e saneamento.