quarta-feira, 12 de junho de 2013

Artigo - MT Saúde na UTI

“Se o governo administrar o deserto do Saara, vai faltar areia em cinco anos.” Milton Friedman
Quando o ex-governador anunciou com orgulho a criação de um plano de saúde para dar bom atendimento aos servidores públicos, logo detectei uma tremenda incoerência. Se o Estado tivesse competência para tal, bastaria garantir instalações hospitalares e de saúde para o atendimento em parceria com o SUS ou com outro parceiro.
“Saúde não tem preço, mas tem custo”. Essa frase foi dita por uma executiva da área da saúde. Pode soar como capitalista ou discriminatória, mas é a pura e dura realidade. A medicina evoluiu muito nos últimos anos e, para garantir essa modernização, vieram enormes gastos em pesquisas, procedimentos de alta tecnologia, exames complexos e medicamentos de alto custo.
        A conta dessa nova realidade tem que ser paga por alguém. Os que podem arcar com os custos, se inscrevem em planos de saúde particulares e os que não podem, ficam a mercê do poder público. Criar a estrutura de um plano de saúde com a lentidão e a ineficiência características da gestão pública dificilmente poderia resultar em algo diferente do que está ocorrendo em Mato Grosso.
Os planos de saúde existentes trabalham com margens pequenas de lucro, e se não tiverem enorme eficiência na composição de custos, combate a fraudes, ganhos de escala e eficiência dos colaboradores; as empresas estarão fadadas ao prejuízo, e estes se forem consecutivos o resultado será a falência. Será que o ex-governador/empresário não conseguiu analisar isso?
Felizmente não sou usuário do plano estadual, mas sairá do meu bolso (do nosso bolso) parte dos valores necessários para cobrir o rombo da incompetência. Se isso já me causa enorme revolta, fico imaginando o usuário do plano, que pagará duas vezes: via mensalidade e também impostos para tapar o buraco. Se isso não bastasse, ainda ficaram um período sem atendimento. Um absurdo!
Lamentavelmente, o Governo Estadual, Assembleia Legislativa e demais instituições não demonstram preocupação com a gravidade dessa situação. Um grande descaso com os mato-grossenses.
Não bastasse o “legado” do MT Saúde e da mega compra de equipamentos superfaturados do ex-gestor, o atual dirigente planeja também deixar a sua “marca”, criando a LEMAT. Loteria é um monopólio do governo e como todo “bom” monopólio não há necessidade de eficiência e boa gestão para apresentar um resultado razoável e, mais ainda, aceitável.
Se o Nobel de economia Milton Friedman estiver certo na citação usada do início do artigo, caso realmente seja criada a loteria de Mato Grosso, há prenúncio de mais prejuízos para os contribuintes... e poderemos presenciar a falta de areia no deserto.


Artigo publicado em 13/06/2013 no jornal Diário de Cuiabá: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=433443&edicao=13622&anterior=1