terça-feira, 14 de outubro de 2008

Informações para todos

Artigo publicado no jornal “A Gazeta” de 07/04/05

É engraçado como o ser humano costuma negar-se a assimilar informações importantes que são transmitidas todos os dias. Parece que parte da população simplesmente ignora as diversas informações, tais como: usar camisinha, não beber antes de dirigir, estudar, não entrar no cheque especial e não se endividar, não fumar, não fazer queimadas, fazer exercícios físicos, controlar a alimentação e peso, dirigir com cuidado e mais um monte de informações com as quais somos bombardeados todos os dias.

A partir dessa observação vou criar a seguinte situação hipotética: No trânsito, um senhor começa a ter dificuldades com seu automóvel e pára o carro em plena via pública. Daí, começam a sair apressadamente umas sete pessoas do veículo. Aliás, aquilo não mereceria ser chamado de veículo, já que se trata de algo como um monte de ferrugem e arames sobre rodas. Há um principio de incêndio e é claro que aquela lata velha não tem extintor de incêndio, talvez nem freios aquilo deve ter. Logo, o dono do veículo corre para o carro que parou atrás para solicitar ajuda.

Na maior calma o proprietário do veículo de trás se nega a ajudar. E ainda tenta dar uma lição no proprietário da lata velha: “Como o senhor tem coragem de rodar nisto? Isso não dá segurança nenhuma para seus familiares”.

De imediato começam a juntar pessoas ao redor, enquanto o automóvel é tomado pelo fogo rapidamente. O circo está armado, o senhor desesperado começa a gritar, se lamentar, quando resolve tirar satisfação do indivíduo que se recusou a ajudar, como se ele fosse o culpado pelo acontecido.

Mais uma vez, ele tenta dar uma lição: “Eu fiz um bem para a sociedade, esse veículo não apresentava segurança para ninguém, e, além disso, se eu resolvesse ajudar, provavelmente você não teria aprendido a fazer a coisa certa. O senhor não tem noção de segurança? Manutenção preventiva? Leis de trânsito...”.

Os curiosos que estavam por perto não acreditam que o homem, além de se recusar a ajudar, ainda estava dando lição para o pobre motorista que acabava de ter seu veículo transformado em cinzas.

Começam alguns insultos e palavras de baixo calão são dirigidas por curiosos ao “senhor certinho”, que percebe que era hora de partir para evitar maiores confusões.

Agora vem o meu pensamento: que obrigação teria o indivíduo de ajudar? Parece egoísmo, mas realmente seria ajuda uma pessoa ficar corrigindo erros dos outros? Errar é humano, mas há pessoas que levam isso muito a sério, abusam na dose de erros e falhas.

Eu coleciono diversas histórias de conhecidos, amigos e também algumas histórias minhas de casos como estes, de pessoas que se recusam a fazer a coisa da maneira correta e depois solicitam ajuda ou ficam se lamentando que o mundo é injusto.

Isso me faz lembrar de La Fontaine, com a fábula da cigarra e a formiga, em que a primeira só queria saber de curtir a vida, e a outra se preocupava com o futuro e com suas obrigações. Os que fazem as coisas da maneira correta acabam saindo prejudicados e, por vezes, são obrigados a carregar os outros nas costas e corrigir erro seus erros, como se isso fosse uma obrigação.
Mesmo que por vezes eu me sinta “punido”, ainda assim prefiro estar do lado dos que agem ou procuram agir de maneira correta, estando sempre antenado com a divulgação de informações úteis sobre os mais diversos aspectos da vida em sociedade.

Nenhum comentário: