terça-feira, 14 de outubro de 2008

A Distância Entre Desenvolvimento e Subdesenvolvimento

Artigo publicado no jornal “A Gazeta” de 04/05/05

A Coréia, quando foi dividida após a segunda guerra mundial, era um único país com uma única economia. Atualmente, após algumas décadas da divisão, a Coréia do Sul tem uma renda per capta de aproximadamente US$ 10.000 e a Coréia do Norte, de pouco menos de US$ 500,00.

Essa enorme diferença se dá devido a diferentes medidas políticas, econômicas e sociais tomadas pelos governos dos dois países. Creio que a brutal diferença atual se dá devido a pequenos passos rumo ao caminho certo ou errado que cada país tomou. Cada medida dos governantes, vai direcionando o país ao sucesso ou à estagnação no subdesenvolvimento.

No Brasil, essa mesma análise pode ser utilizada. O país vai melhor ou pior devido a pequenas medidas que nossos governantes vêm adotando durante várias gestões. Claro que a sociedade, os empresários e demais setores influenciam, mas são os políticos (eleitos pela população) que traçam as diretrizes e os caminhos para o desenvolvimento ou não do país.

Recentemente, vimos um político detentor de importante cargo defender o nepotismo e exaltar algo como a monarquia e o benefício aos “amigos do Rei”, colocando a meritocracia para escanteio. Também vimos o mesmo político ser eleito presidente do Congresso por ter como sua principal plataforma eleitoral o aumento do próprio salário, aumento esse muito superior ao da inflação. Economistas vêm mostrando que é necessário diminuir o tamanho e os gastos do Estado, visto que a arrecadação de impostos está em algo em torno de 40% do PIB. Seria insano um aumento ainda maior dos gastos estatais em detrimento das necessidades urgentes de investimento, portanto, resta apenas cortar gastos e melhorar a alocação dos recursos.

Senadores querem aprovar uma lei que torna vitalícios os cargos de ex-presidentes senadores. Pode até parecer justo para um ex-presidente, mas não para inúmeros trabalhadores que pagam caro ao ter seus salários corroídos por impostos abusivos. Gostaria que o senador autor desse projeto explicasse por que apenas um tipo de servidor deve merecer um cargo vitalício. O que faz um servidor para merecer um rendimento para o resto de sua vida? Já estou até vendo essa medida se estender para presidente em exercício, vice e presidente do Senado.

Vemos a insistência do governo federal em continuar com a reforma agrária com um modelo que vem demonstrando não funcionar. São raros os assentados que tiveram sucesso, que conseguiram tirar da terra um sustento decente para sua família. Há, no modelo atual, um desperdício de dinheiro e de oportunidades.

No âmbito municipal vemos a morosidade da câmara para analisar o orçamento do ex-prefeito. Pelo que a imprensa relata, o orçamento está cheio de irregularidades e, aparentemente, os vereadores ou estão fazendo corpo mole ou não estão querendo reprovar as contas. Uma total vergonha.São esses e outros pequenos passos errados, aliados à impunidade e corrupção, que tornam o Brasil cada vez mais arraigado no bloco de países em desenvolvimento, contentando-se com a ilusória e pomposa designação de “país do futuro”.

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