quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Espetáculo da Estagnação

Artigo publicado: “A Gazeta” de 06/03/07, “Folha do Estado” de 06/03/07, site Mato Grosso On-line de 05/03/07 (http://www.matogrossoonline.com.br/categoria.php?cat_id=6 )

A economia brasileira enfrenta um dilema: como lidar com o fato de que nossa moeda está se valorizando cada vez mais em relação ao dólar. Setores da economia dizem que a taxa cambial não está “normal”, e que o dólar deveria sofrer valorização em relação ao real. O que ocorre é que moedas são como qualquer outra mercadoria - sofrem oscilações de acordo com a oferta e demanda do “produto”.

O Governo Federal para atender alguns setores, principalmente os exportadores, está recorrendo ao mercado financeiro, comprando dólar com o intuito de tentar elevar o preço dessa moeda. Mas até quando o governo remará contra o mercado? E que custo isso terá?

A valorização da moeda nacional se deve, basicamente, à grande entrada de moeda estrangeira no país, seja por meio de investimentos (financeiro e produtivo) ou devido ao superávit na balança comercial (exportações maiores que as importações), ou seja, mais entrada de dinheiro estrangeiro do que saída (via pagamento das exportações). O resultado desses fatores foi que em 2006 houve saldo positivo (entrada menos saída) de US$ 37,27 bilhões, o maior valor desde 1982.

Uma saída para atenuar a crescente valorização de nossa moeda seria reduzir o superávit comercial brasileiro. Considerando que tentar diminuir as exportações seria um descabimento, a solução seria aumentar o volume das importações. Um corte nas altas alíquotas de importação tenderia ao aumento das importações. Além de “regular” o câmbio, também teria como efeito benéfico o aumento da competitividade (devido a maior concorrência), controle da inflação (produtos importados mais baratos) e possibilidade de modernização do maquinário industrial (aumento na produtividade).

Há dois pequenos empecilhos na redução da alíquota de importação. O primeiro é a má vontade e a ganância do executivo em arrecadar impostos, sem mencionar o pensamento jurássico do governo federal em relação à economia. Outro problema é o gargalo logístico pelo qual o Brasil passa.

Para que se aumente o fluxo do comércio exterior, há necessidade de melhor infra-estrutura logística. Nossos portos são reconhecidamente lentos, caros e cheios de amarras, além de estarem operando praticamente na capacidade máxima. Ferrovias e rodovias no Brasil, como todos sabem, são subutilizadas e requerem investimentos maciços para melhoria e ampliação. Nossos aeroportos também estão longe de funcionar a contento. Com a infra-estrutura atual, não há espaço para aumento substancial no comércio exterior.

Como não há sinalização para soluções desse e de outros problemas brasileiros, parece que nosso Brasil será um eterno “país em desenvolvimento”. Mesmo assim, o Governo Federal comemora o segundo menor crescimento dentre os países da América Latina. Enquanto a maioria dos países surfa em grandes ondas de crescimento, Lula e sua equipe soltam rojões por estarmos “pegando jacarés” em marolinhas pífias.

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