terça-feira, 14 de outubro de 2008

Criíticas sem Coerência

Artigo publicado na Folha do Estado de 14/03/06

É comum pessoas tidas como esclarecidas reclamarem das mazelas que afligem a nossa sociedade. Reclamações do trânsito caótico, criminalidade, sujeira nas ruas, corrupção, dentre outras são bastante comuns.

Reparei que a grande maioria dos reclamantes são colaboradores dos problemas da nossa querida cidade. Parece que na hora de reclamar, as pessoas não conseguem enxergar que alguns de seus atos são causadores de agravamento dos problemas.

Lamentável ver pessoas críticas, muitas vezes com bons níveis escolares, colaborar com práticas que não deveriam existir em sociedades organizadas. Será que estou exagerando, ou alguém já presenciou um crítico do trânsito caótico andar 5 ou 10 metros na contra-mão (só esse trechinho não atrapalha ninguém, se desculparia o infrator), ou mesmo estacionar em fila dupla para pegar o filho na escola (afinal todos fazem e é só 10 minutinhos, se justificaria), furar sinal em ruas com menos movimento (não tem ninguém olhando mesmo, pensaria), estacionar na calçada (não há vagas por perto e na calçada não atrapalho o trânsito).

Pensamentos do tipo “já está sujo mesmo um papelzinho a mais não irá piorar” ou mesmo: “não tem lixeira por perto, jogando papel no chão estarei protestando contra isso”. Também já presenciei pessoas que reclamam da alta criminalidade comprarem toca CD ou outros aparelhos de origem duvidosa (roubados mesmo). Será que uma pessoa dessas não consegue enxergar que roubos só ocorrem por haver receptadores e compradores para os produtos roubados?

Criticar o que está errado é muito fácil, o difícil e correto é conseguir tirar os olhos do próprio umbigo e começar a agir de uma forma que seus atos não venham desrespeitar a convivência em sociedade e ao coletivismo. Deixar o egoísmo de, por exemplo, estacionar o carro em cima da calçada na frente de onde se quer ir e parar a 50 ou mais metros distante, deixando assim a calçada para pedestres e também possibilitar que cadeirantes também possam se locomover de um modo digno. Ou mesmo recusar a oferta de pagar “uma cervejinha” para evitar uma multa merecida são atos que distanciam um crítico sem nenhuma coerência de um cidadão que realmente enxerga e se esforça para que os problemas da sociedade diminuam.

Esses e outros exemplos citados fazem os “críticos”, pessoas mais execráveis que muitos cidadãos com pouca instrução, e que por vezes nunca tiveram orientação ou possibilidade de acesso a conhecimentos básicos do que deveria ser uma sociedade organizada.

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