terça-feira, 14 de outubro de 2008

Discurso do Alquimista

Publicado em 25/04/06: www.matogrossoonline.com.br/artigo.php?id=59199

Participei do Seminário “Renovar Idéias: o futuro da agropecuária no Brasil”, que contou com a presença do pré-candidato à Presidência da República, o sr. Geraldo Alckmin. O evento contou com algumas palestras com dados e perspectivas do setor agropecuário, depois foi dada a palavra para alguns empresários do setor e também a políticos do Estado. Como o setor da soja não está indo bem, era de se esperar muita choradeira e alguns discursos inflamados de políticos querendo angariar votos a custa de promessas.

Foram feitas várias reivindicações por parte dos agricultores, desde as mais do que justas até as mais arcaicas e absurdas para uma economia moderna. As principais solicitações foram as seguintes:

- Melhor infra-estrutura. Realmente o Mato Grosso pode ser considerado isolado do resto do país, além do único e caro meio de transporte ser o rodoviário, a qualidade das rodovias já estão abaixo de péssimo. Se o governo não tem competência ou recursos financeiros para viabilizar ferrovias, hidrovias e mesmo rodovias de qualidade, que deixe o setor privado cuidar disso, seja através das PPP, privatização ou novas concessões;

- Uma das maiores reclamações dos produtores foi com relação à taxa do câmbio. Fiquei indignado ao ver pessoas ainda defendendo o dólar controlado artificialmente. Esse foi um dos maiores erros do ex-presidente FHC, que quase levou o país a bancarrota. O próprio FHC assume essa trágica falha.
Chega de ortodoxia na economia. A taxa de juros não deve ser controlada pelo governo, e sim pelo mercado. O valor do câmbio, tem inúmeras variáveis, sendo que muitas delas dependem do fluxo de capital mundial e outras variáveis externas. Imagine o nosso Real querendo “brigar” com o Dólar e o Euro para manter uma determinada taxa. Seria como a luta de uma formiguinha contra dois Leões.
Se o real valorizado é ruim para determinado setor, é bom para alguns outros e também para grande parte da população. Atualmente, industrias estão possibilitadas importar máquinas e equipamentos de última geração a preços melhores. Cidadãos estão tendo acesso a produtos importados com preços razoáveis (eletrônicos, informática, celulares, etc). A taxa deve ser definida pela famosa regra de oferta e procura;

- Produtores reivindicaram preço mínimo para a produção. Isso se traduz em subsídios e controle governamental, coisa que o Brasil tem lutado para que essa prática seja extinta da economia mundial. Vale lembrar o passado recente em que produtores de álcool recebiam pesados subsídios governamentais. Resultado, o setor ficou em decadência por um longo período e só voltou a prosperidade após o término destes;

- Seguro contra a safra: realmente foi uma boa reivindicação, mas não é o governo que deve viabilizar isso. Talvez o governo devesse abrir o mercado de seguros para que empresas do exterior pudessem atuar nesse tipo de seguro, com apólices mais baratas.

Vale lembrar que agropecuaristas são nada mais nada menos que empresários, e como tal devem estar sujeitos as intempéries do mercado como qualquer outro empresário. A eficiência e livre mercado devem ser buscados sempre, visando assim a maximização nos lucros. Empresários devem correr riscos, e estarem sujeitos a concordatas, falências e turbulências. Que os mais competentes se sobressaiam e os piores se retirem do mercado.

Voltando à palestra ministrada pelo Sr. Geraldo Alckmin, apesar da choradeira e dos apelos do setor ao pré-candidato, ele ouviu com atenção e em seu discurso a única coisa que prometeu foi trabalhar duro e com inteligência. Fiquei fã do Alckmin pois ele não fez nenhum discurso populista, não fez promessas, não gritou, não deu murro em mesa ou qualquer outra prática tão comuns dos políticos tradicionais. Já que a população sempre clama por um candidato que não seja igual a todos que aí estão, apareceu uma oportunidade. Comecem a prestar mais atenção nas palavras e nos atos do Sr. Alckmin.

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