
Na vida real não é rara a situação do indivíduo que vive com o orçamento no limite ou acima da capacidade financeira, tentando usufruir ao máximo do conforto e luxo que o dinheiro pode propiciar. Mediante qualquer pequeno imprevisto necessitam recorrer a parentes ou amigos para ajuda financeira. Sendo assim, para mim, a moral da fábula de La Fontaine é que as cigarras curtem a vida graças aos esforços e generosidade de algumas formigas, pois estas se sentem moralmente obrigadas a conceder ajuda.
O governo brasileiro já foi uma grande cigarra, que apresentava um orçamento mal feito e irresponsável, necessitando assim de empréstimos com altos juros para fechar as contas. O pior momento foi na gestão do então presidente José Sarney, que, para quitar os vencimentos mais próximos, obtinha novos e mais caros empréstimos. A situação ficou insustentável e houve decreto da moratória (interrupção de pagamentos). Nessa época não houve mais nenhum país-formiga com interesse em ajudar e socorrer o país-cigarra que parecia um saco sem fundo. Como resultado, o Brasil amargou por longo tempo uma economia estagnada e sem credibilidade.
Países com alto endividamento público são o foco da atual tensão econômica mundial. A Grécia encabeça a lista das cigarras, e na outra ponta a “formiga” Alemanha só está disposta a ajudar para evitar uma recessão mundial que afetaria outras cigarras e também vários formigueiros. Essa ajuda não é altruísta e só está saindo visando benefício próprio, mas com a imposição de ajustes impopulares e necessários por parte das cigarras solicitantes.
Voltando à moral da história: enquanto houver formigas interessadas em prestar socorro, haverão diversas cigarras preocupadas somente em curtir e esbanjar. Quanto a mim, prefiro continuar com atitudes "formiguistas", bem como votando e apoiando políticos formigas.
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